Foto: Pedro Correia/Global Imagens

Marega e o drama em Guimarães: “Não conseguia jogar depois de tudo o que ouvi”

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Nem 24 horas depois de ter abandonado o relvado do D. Afonso Henriques, em protesto pelos insultos racistas que lhe foram dirigidos desde o aquecimento, o avançado do F. C. Porto Moussa Marega comentou o sucedido aos franceses da Radio Monte Carlo.

“Estou melhor. A situação está melhor, mas ontem foi muito difícil”, começou por comentar Marega, prosseguindo depois assim: “Foi verdadeiramente difícil para mim. O jogo passou, fui para minha casa, vi os meus filhos, a minha família e, depois, li todas as mensagens que recebi. As pessoas deram-me um apoio incrível, senti-me melhor”.

Sobre o facto de colegas e adversários o terem tentado demover de abandonar o relvado, a camisola número 11 reagiu assim: “Eles compreenderam a minha reação. Penso que, primeiro, ficaram chocados. Pediram-me para ter calma, mas eu disse-lhes que não conseguia jogar depois de tudo o que ouvi. Era mesmo impossível continuar, estava a ouvir insultos desde o início. Com o estádio inteiro a tratar-me mal, não era possível continuar a jogar”.

Marega foi ainda convidado a comentar a relação que tem com os adeptos do V. Guimarães, clube que representou em 2016/17 (31 jogos e 14 golos). “Foi isso que mais me chocou. Jamais imaginei que me fizessem isso. Respeitei sempre o clube e os adeptos. Fiz alguns jogos, acabámos em quarto lugar, fizemos uma das melhores épocas da história do clube…”.

Relativamente às críticas que lhe foram dirigidas no final da partida pelo presidente vitoriano, Miguel Pinto Lisboa, Marega ripostou: “Não o conheço. Se ele for inteligente, sabe que, depois de marcar, mostrei a minha cor de pele, apontei para a minha pele. Os insultos começaram antes do jogo e duraram o jogo todo”.

Nesta entrevista feita por telefone, a partir do Porto, Marega afirmou o que gostaria de dizer ao Presidente da República caso tivesse essa oportunidade: “Seria uma honra e podia dizer-lhe o que senti ao ser insultado daquela forma. Não gostei mesmo nada de sentir aquele ódio, fiquei muito desiludido”.